terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Em razão dos 35 anos de organização louvamos ao Senhor com uma prosa escrita pelo Mestre do reino de Kennedy, que passando pelos arredores do vilarejo foi profundamente tocado quando viu uma capela a qual lhe produziu um sentimento de paz e bem-aventurança. Ao sair dela, ele escreveu:
"As tuas portas abriram minha devoção, sem a qual não poderia ver Deus. Os teus bancos de madeira encerados me convidaram a sentar, pra eu repousar da longa caminhada. Olhando para a frente observei a singeleza do artesão que esculpira com zeloso capricho o altar, no qual se assenta aqueles que têm o privilegio de ser o canal de Deus. Ao meu lado, se encontrava um devoto que não ousara levantar a fronte; e eu ouvira seus lábios sussurrarem: " tem misericórda de mim, Senhor, por que sou pecador!".
"Saí deste santo lugar comovido, e comecei a me perguntar por que o Senhor o edificou ?
"Um presbítero, muito simpático, me respondeu: - "Mestre, este é mais um dentre tantos. Mas, aprouve a Deus levantar uma casa de oração para o povo de Vila Kennedy adorá-Lo".
"Interessei-me pela história daquela capela. Não foi difícil descobrir que ela foi organizada em 03/03/1974, sendo os primeiros missionários a deitar a semente do Evangelho foi a família presbiteriana de Senador Camará, na liderança do rev. Noé Machado Boetlho que encontrou abrigo no lar da irmã Reni e seu esposo, de saudosa memória, irmão Alípio. Ali se desenvolvia uma promissora semente que superou as intempéries e turbulências, segundo a determinação dos denodados missionários, que não se intimidaram com as ameaças do Inimigo.
"A semente lançada na Travessa Peloponeso, 54, fora transplantada definitivamente à rua Otaviano Romeiro, 67. Passados 35 anos, os pioneiros desta obra maravilhosa podem olhar para trás e dizer com orgulho, o que disse o imperador romano César:"Eu vim, vi e venci".
"Com efeito, a promessa do Senhor Jesus foi cumprida em Vila Kennedy, "...sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela", Mt 16:18."
O mestre se despediu repetindo a oração sacerdotal de Arão: "O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz".
SOBRE A AMIZADE
Um moço tímido conseguiu abrir espaço entre os braços erguidos e se dirigiu ao mestre dizendo: "Fale sobre a amizade".
O mestre, voltando-se para o jovem de estatura baixa e queixo cumprido, dizendo-lhe: "Moço, William Stidger conta como um rapazinho que jazia na mesa de operação, tendo de sofrer uma intervenção séria, pedia ao pai que ficasse com ele para lhe segurar a mão enquanto o médico o anestesiava. Justamente antes de lhe colocarem a máscara de éter, ele voltou para o pai e disse com inteira confiança: "O senhor ficará comigo até o fim, não é papai?". O pai respondeu com lágrimas de compreensão:"Certamente ficarei, meu filho querido".
"Eis aí o que significa a verdadeira amizade. Significa acompanhar por todo o caminho até o fim. Ensina o sábio Salomão "há amigo mais que chegado do que um irmão". Jesus, nosso melhor amigo, acompanha-nos por todo o caminho até o seu derradeiro final. Certa fez ele declarou aos seus discípulos: "De maneira alguma os deixarei ; jamais os abandonarei. Estarei com vocês até a consumação dos séculos". Cultivemos a amizade, e à semelhança do Cristo sejamos amigos verdadeiros para com todos. Acha-se inscrito na entrada da The Universty Presbyterium a seguinte frase: "Nem só de pão vive o homem, mas do aroma das rosas, do perfume dos botões de laranjeiras, do odor do feno ceifado, do calor da mão de um amigo, da ternura do beijo de mãe!".
Muito obrigado, mestre! – respondeu o mancebo tímido.
SOBRE OS BENEFÍCIOS DA FÉ

A sinete tocou, anunciando que o tempo da pausa havia acabado. Todos tomaram seus lugares. O mestre tomou acento em sua cadeira estofada enquanto o reitor comunicava o reinício do seminário. O ancião se posiciona no meio do palco esperando a participação dos alunos. Um certo Peter, de cabelos loiros e crespos, levantou a mão. O mestre aprovou com a cabeça. Então, o moço perguntou: "Quais são os benefícios da fé?"
O mestre olhou para o estudante e passeou com os olhos pelo auditório julgando ser a dúvida comum a todos, e começou: "A fé nos exige acreditar no impossível. Quem crê, dentre vocês, em milagres? Concretamente, porém, o milagre é apenas um pretexto. O que a fé nos pede é uma determinada atitude. Então, por que não acreditamos mais em milagres? Porque acreditamos conhecer as leis da natureza e concluímos que o que nos apresentam como milagre não o pode ser. Mas, a fé exige humildade, que reconheça nossa ignorância e fragilidade. A fé pede também confiança, como aquela que existe entre dois amigos. Como um amigo pode saber que o outro é um amigo sincero? Simplesmente, o sabe. Como poderia averiguá-lo? Não o pode; se o pudesse à prova, seria como se deixasse de ser um amigo, como se desconfiasse dele. É certo que a fé traz benefícios. Quais os benefícios da fé? Entendo que a fé proporciona pelos três benefícios, a saber: a fé produz alegria, crescimento espiritual e, também, agrada a Deus".
O silêncio tomou conta do auditório. Peter, se levanta e diz: "Mestre, a sua exposição foi clara e isso me lembrou uma famosa história sobre a fé. O autor sacro conta como o patriarca Abraão estava disposto a sacrificar o filho da sua velhice porque Deus assim exigira". O mestre agradece a Peter pelo excelente exemplo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

AS REFLEXÕES DO MESTRE

SOBRE A LIBERDADE

A convite do reitor da Universidade Kennedy, senhor Soren Kierkegaard, o mestre foi fazer uma conferência filo-teológica . O auditório estava apinhado de estudantes de teologia. E todos queriam ouvir o ermitão que, finalmente, saiu de sua aldeia, localizada ao sul do país. Ele virara uma lenda. Por isso, a universidade estava agitada, fugindo à sua característica. Na verdade, estava acontecendo nesta academia algo inédito: um leigo iria falar para um auditório de intelectuais da mais conceituada universidade do país.
O mestre saudou a classe, dizendo: "Estou em estado de graça. Meus dias não são poucos, mas me sinto um jovem diante de vocês. E como jovem, não me sinto na condição de ser chamado sábio...". Lembrando o velho Sócrates, aquele que imortalizou o saber, encerrou a introdução filosofando: "sei que nada sei". Ele foi ovacionado pelo corpo discente.
Depois da palestra, o ancião abriu às perguntas. Um dos alunos de cabeleira negra, disse-lhe: fala-me sobre a liberdade.
O mestre tomou um pouco d’agua. Levantou-se e se dirigiu à platéia, e disse: " O conceito de liberdade é da dimensão moral, e não teológica. Ser livre é uma dádiva concedida, por Deus, ao homem. O homem é livre à medida que reflete. Ela é plena à medida que é conseqüência da decisão consciente e amadurecida que fazemos em todos os momentos da vida. Há uma liberdade que se inicia neste momento e avança para um futuro eterno. É a liberdade cristã. A liberdade cristã é o primeiro benefício da graça divina. O Cristo ensinou-nos a alcançar esta liberdade, "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (Jo 8.32). Assim, o homem se vê livre de todos os elos que o prende à velha natureza. A partir de sua conversão, que é a submissão aos desígnios do Cristo, o homem gozará de uma liberdade espiritual, o que nos identificará como servos de Deus, o altíssimo".
Terminada a consideração, o reitor da universidade pediu uma pausa para o chá. As demais perguntas ficariam para depois, pois as mãos levantadas pipocaram pedindo que fosse estendido o horário. O auditório ficou vazio...



Paz e bem!